27/11/07

O tributo




Adriano Correia De Oliveira - Trova Do Vento Que Passa


Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
o vento nada me diz.

La-ra-lai-lai-lai-la, la-ra-lai-lai-lai-la, [Refrão]
La-ra-lai-lai-lai-la, la-ra-lai-lai-lai-la. [Bis]

Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.

Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.

[Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.

Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.

Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.

E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.

Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.

Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).

Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.

E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.

Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.

E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.

Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não




Ana Deus e & Dead Combo - http://www.sendspace.com/file/z8s7pk



20/11/07

X Light




E perguntam-me, como é que sei que estou a ficar idosa?

Vou a uma concerto de electro e apetece-me sentar...

15/11/07

Never mind the Bollocks





E assim foi ! Depois de uma grande ausência de conteudo mental, regressei a mim. Foi num acto tão estapafurdio como arrumar a cozinha que tive uma epifania. Bem..., talvez não tenho sido mesmo isso, mais um parente afastado, mas o que sucedeu foi, enquanto estava a limpar começei a pensar que era relaxante limpar uma superficie repleta de lípidos e restias de grotescos molhos, e tal coisa deixou-me intrigada. Como é que um acto tão vulgar e mundano como pegar numa esponja e limpar me poderia deixar num estadio de completa anestesia, sem uma única preocupação?
Apercebi-me que todo o tempo que passei a limpar permaneci com uma mente vazia. Acho que nunca me tinha acontecido antes, passar tanto tempo sem pensar, como se o meu modo automático estivesse ligado.
Assustou-me mas entendi como nas piores situações um comum mortal persiste em arrumar ou praticar jardinagem. O próprio acto de limpar direcciona involuntariamente como que para uma resolução eficaz - consigo remover a porcaria da bancada também consigo arrumar a minha vida ! Tudo me parecia agradavel mas lembrei me que facilmente se torna numa obsessão, como tudo.
Entendi também um pouco da logica sociopatologica (não deve existir tal palavra nem tal logica mas que se lixe). Limpar em si consiste no modo mais facil de resolver um problema e num mundo sujo. Ocasionalmente alguem liga o seu proprio modo automatico e começa a limpar as manchas de chocolate seco, sem pensar. A varrer dos seus próprios mundos o que parece desajustado, de uma maneira vil e sangrenta, mas enfim..., nada é perfeito.



Não quero pensar, prefiro simplesmente viver sem me questionar. Não sei o que é mais inutil...

Ando obsecada pela a ideia que nunca saberei como sou realmente, nem fisicamente nem psicologicamente. A minha morfologia é visionadas por outrem, eu apenas vejo um reflexo distorcido pelos meus olhos, pois o meu cerebro reconhece aquilo que quer e faz as suas proprias analogias. Queria ser para mim, não para ninguem.


A que conclusão chego então?


I'm glad I take magic pills !